O Egito (português brasileiro) ou Egipto (português europeu), em em árabe: مصر, transl. Miṣr, nome oficial: República Árabe do Egito, é um país do norte da África que inclui também a Península do Sinai, na Ásia, o que o torna um Estado Transcontinental.
Com uma área de cerca de 1.001.450 km², o Egito limita a oeste com a Líbia, ao sul com o Sudão e a leste com a Faixa de Gaza e Israel. O litoral norte é banhado pelo mar Mediterrâneo e o litoral oriental pelo mar Vermelho. A Península do Sinai é banhada pelos golfos de Suez e de Acaba. A sua capital é a cidade do Cairo.
O Egito é um dos países mais populosos de África. A grande maioria da população, estimada em 80 milhões de habitantes (2007), vive nas margens do rio Nilo, praticamente a única área não desértica do país, com cerca de 40.000 kmª. Os desertos — o da Líbia, a oeste, o Oriental ou Arábico, a leste, ambos parte do Saara, e o do Sinai, na Península da Arábia — têm muito pouca população. Cerca de metade da população egípcia vive nos centros urbanos, em especial no Cairo, em Alexandria e nas outras grandes cidades do Delta do Nilo, de maior densidade demográfica.
O país é conhecido pela sua antiga civilização e por alguns dos monumentos mais famosos do mundo, como as pirâmides de Gizé e a Grande Esfinge. Ao sul, a cidade de Luxor abriga diversos sítios antigos, como o templo de Karnak e o Vale dos Reis. O Egito é reconhecido como um país político e culturalmente importante do Médio Oriente e do Norte de África.
Os gentílicos para o país são "egípcio", "egipciano" e "egipcíaco", embora as últimas formas raramente sejam usadas.
Etimologia
Um dos antigos nomes egípcios para o país, Kemet (kṃt), ou "terra negra" (de kem, "negro"), advém do solo fértil negro depositado pelas cheias do Nilo, distinto da "terra vermelha" (dechret, dšṛt) do deserto. O nome passou às formas kīmi e kīmə na fase copta da língua egípcia e aparece no grego primitivo como Χημία (Khēmía). Outro nome era ta-mry ("terra da ribeira"). Os nomes do Alto e do Baixo Egito eram Ta-Sheme'aw, "terra da junça", e Ta-Mehew "terra do norte", respectivamente.
Miṣr, o nome árabe moderno e oficial para o país, é de origem semita, diretamente relacionado com outros termos semíticos para o Egito, como o hebraico מִצְרַיִם (Mizraim), literalmente "os dois estreitos" (referência ao Alto e Baixo Egitos). A palavra possuía originalmente a conotação de "metrópole" ou "civilização" e também significa "país" ou "terra de fronteira".
O termo português "Egito" deriva do grego antigo Αίγυπτος (Aígyptos), por meio do latim Aegyptus, e já era registado no vernáculo no século XIII. A forma grega, por sua vez, advém do egípcio Ha-K-Phtah, "morada de Ptá", denominação de Mênfis, capital do Antigo Império.
História
Os vestígios de ocupação humana no vale do Nilo desde o Paleolítico assumem a forma de artefatos e petróglifos em formações rochosas ao longo do rio e nos oásis. No décimo milénio a.C., uma cultura de caçadores-recoletores e de pescadores substituiu outra, de moagem de grãos. Em torno de 8 000 a.C., mudanças climáticas ou o abuso de pastagens começou a ressequir as terras pastoris do Egito, de modo a formar o Saara. Povos tribais migraram para o Vale do Nilo, onde desenvolveram uma economia agrícola sedentária e uma sociedade mais centralizada.
Por volta de 6.000 a.C., a agricultura organizada e a construção de grandes edifícios havia surgido no Vale do Nilo. Durante o Neolítico, diversas culturas pré-dinásticas desenvolveram-se de maneira independente no Alto e no Baixo Egito. A cultura badariense e a sua sucessora, a nagadiense, são consideradas as precursoras da civilização egípcia dinástica. O sítio mais antigo conhecido no Baixo Egito, Merimda, antecede os badarienses em cerca de setecentos anos. As comunidades do Baixo e do Alto Egitos coexistiram por mais de dois mil anos, mantendo-se como culturas separadas, mas com contatos comerciais frequentes. Os primeiros exemplos de inscrições hieroglíficas egípcias apareceram no período pré-dinástico, em artefatos de cerâmica de Nagada III datados de cerca de 3.200 a.C.
Cerca de 3.150 a.C., o Rei Mena (ou Menés) fundou um reino unificado e estabeleceu a primeira de uma sequência de dinastias que governaria o Egito pelos três milênios seguintes. Posteriormente, os egípcios passaram a referir-se à seu país unificado com o termo tawy, "duas terras" e, em seguida, kemet (kīmi, em copta), "terra negra". A cultura egípcia floresceu durante este longo período e manteve traços distintos na religião, arte, língua e costumes. Às duas primeiras dinastias do Egito unificado seguiram-se o período do Império Antigo (2.700 a.C. - 2.200 a.C.), famoso pelas pirâmides, em especial a pirâmide de Djoser (III Dinastia) e as pirâmides de Gizé (IV Dinastia).
O Primeiro Período Intermédio foi uma época de distúrbios que durou cerca de 150 anos. Mas as cheias mais vigorosas do Nilo e a estabilização do governo trouxeram prosperidade ao país no Império Médio (2.040 a.C.), que atingiu o zénite durante o reinado do Faraó Amenemhat III. Um segundo período de desunião prenunciou a chegada da primeira dinastia estrangeira a governar o Egito, a dos hicsos semitas. Estes invasores tomaram grande parte do Baixo Egito por volta de 1.650 a.C. e fundaram uma nova capital, em Aváris. Foram expulsos por uma força do Alto Egito chefiada por Amósis I, quem fundou a XVIII Dinastia e transferiu a capital de Mênfis para Tebas, a atual Luxor.
O Império Novo (1.550 a.C. - 1.070 a.C.) teve início com a XVIII Dinastia e marcou a ascensão do Egito como potência internacional que, no seu auge, se expandiu para o sul até Jebel Barkal, na Núbia, e incluía partes do Levante, no leste. Alguns dos faraós mais conhecidos pertencem a este período, como Hatchepsut, Tutmés III, Akhenaton e sua mulher Nefertiti, Tutankhamon e Ramsés II. A primeira expressão do monoteísmo é desta época, com o atonismo. O país foi posteriormente invadido por líbios, núbios e assírios, mas terminou por expulsá-los a todos.
A XXX Dinastia foi a última de origem nativa a governar o país durante a Era dos Faraós. O último faraó nativo, Nectanebo II, foi derrotado pelos persas aqueménidas em 343 a.C. Posteriormente, o Egito foi conquistado pelos gregos e, em seguida, pelos romanos, num total de mais de dois mil anos de controle estrangeiro.
O cristianismo foi trazido ao Egito por São Marcos no primeiro século da Era Cristã. O reinado de Diocleciano marcou a transição entre os Impérios Romano e Bizantino no país, quando um grande número de cristãos foi perseguido. Naquela altura, o Novo Testamento foi traduzido para a língua egípcia. Após o Concílio de Calcedônia, em 451, uma Igreja Copta Egípcia foi firmemente estabelecida.
Os bizantinos recuperaram o controle do país após uma breve invasão persa no início do século VII, mantendo-o até 639, quando o Egito foi tomado pelos árabes muçulmanos sunitas. Os egípcios começaram então a misturar a sua nova fé com crenças e práticas locais que sobreviveram através do cristianismo copta, o que deu origem a diversas ordens sufistas que existem até hoje. Os governantes muçulmanos eram nomeados pelo Califado Islâmico e mantiveram o controle do país pelos seis séculos seguintes, inclusive durante o período em que o Egito foi a sede do Califado fatímida. Com o fim da dinastia aiúbida, a casta militar turco-circassiana dos mamelucos tomou o poder em 1.250 e continuou a governar até mesmo após a conquista do Egito pelos turcos otomanos em 1.517.
A breve invasão francesa do Egito em 1.798, chefiada por Napoleão Bonaparte, resultou num grande impacto no país e em sua cultura. Os egípcios foram expostos aos princípios da Revolução Francesa e tiveram a oportunidade de exercitar o auto-governo. À retirada francesa seguiu-se uma série de guerras civis entre os turcos otomanos, os mamelucos e mercenários albaneses, até que Mehmet Ali, de origem albanesa, tomou o controle do país e foi nomeado vice-rei do Egito pelos otomanos em 1.805. Ali promoveu uma campanha de obras públicas modernizadoras, como projetos de irrigação e reformas agrícolas, bem como uma maior industrialização do país, tarefa continuada e ampliada por seu neto e sucessor, Ismail Paxá.
A Assembleia dos Delegados foi fundada em 1.866 com funções consultivas e veio a influenciar de maneira importante as decisões do governo. A abertura do Canal de Suez pelo Quediva Ismail, em 1.869, tornou o Egito um centro mundial de transporte e comércio, mas fez com que o país contraísse uma pesada dívida junto às potências européias. Como resultado, o Reino Unido tomou o controle do governo egípcio em 1.882para proteger os seus interesses financeiros, em especial os relativos ao canal.
Logo após intervir no país, o Reino Unido enviou tropas para Alexandria e para a zona do canal, aproveitando-se da fraqueza das forças armadas egípcias. Com a derrota do exército egípcio na batalha de Tel el-Kebir, as tropas britânicas alcançaram o Cairo, eliminaram o governo nacionalista e dissolveram as forças armadas do país. Tecnicamente, o Egito permaneceu como uma província otomana até 1.914, quando o Reino Unido derrubou Abbas II, último quediva egípcio, e formalmente declarou o Egito um protetorado seu. Hussein Kamil, tio de Abbas, foi então nomeado sultão do Egito.
Entre 1.882 e 1.906, surgiu um movimento nacionalista que propunha a independência. O Incidente de Dinshaway (em que soldados britânicos abriram fogo contra um grupo de egípcios) levou a oposição egípcia a adotar uma posição mais forte contra a ocupação do país pelo Reino Unido. Fundaram-se os primeiros partidos políticos locais. Após a Primeira Guerra Mundial, Saad Zaghlul e o Partido Wafd chefiaram o movimento nacionalista egípcio, ganhando a maioria da assembléia legislativa local. Quando os britânicos exilaram Zaghlul e seus correligionários para Malta em 8 de Março de 1.919, o país levantou-se na primeira revolta de sua história moderna. As constantes rebeliões por todo o país levaram o Reino Unido a proclamar, unilateralmente, a independência do Egito, em 22 de Fevereiro de 1922.
O novo governo egípcio promulgou uma constituição em 1.923, com base num sistema parlamentarista representativo. Saad Zaghlul foi eleito para o cargo de primeiro-ministro pelo voto popular, em 1.924. Em 1.936, foi assinado o tratado anglo-egípcio, pelo qual o Reino Unido se comprometia a defender o Egito e recebia o direito de manter tropas no Canal de Suez. A continuidade da ingerência britânica no país e o aumento do envolvimento do rei do Egito na política levaram à queda da monarquia e à dissolução do parlamento, por meio de um golpe militar conhecido como a Revolução de 1.952. Este "Movimento dos Oficiais Livres" forçou o Rei Faruk a abdicar em favor do seu filho Fuad.
A República do Egito foi proclamada em 18 de Junho de 1.953, presidida pelo General Muhammad Naguib. Em 1.954, Gamal Abdel Nasser — o verdadeiro arquiteto do movimento de 1.952 — forçou Naguib a renunciar, colocando-o em prisão domiciliária. Nasser assumiu a presidência e declarou a total independência do Egito com relação ao Reino Unido, em 18 de Junho de 1.956, com a conclusão da retirada das tropas britânicas. Em 26 de Julho daquele ano, nacionalizou o Canal de Suez, deflagrando a chamada Crise do Suez.
Nasser faleceu em 1.970, três anos após a Guerra dos Seis Dias, na qual Israel invadiu e ocupou a Península do Sinai. Sucedeu-o Anwar Al Sadat, que afastou o país da União Soviética e o aproximou dos Estados Unidos, expulsando os conselheiros soviéticos em 1.972. Promoveu uma reforma econômica chamada "Infitá" e suprimiu de maneira violenta tanto a oposição política quanto a religiosa.
Em 1.973, o Egito, juntamente com a Síria, deflagrou a Guerra de Outubro (ou do Yom Kippur), um ataque-surpresa contra as forças israelitas que ocupavam a Península do Sinai e as colinas de Golã (Síria). Os EUA e a URSS intervieram e chegou-se a um cessar-fogo. Embora não tenha resultado num sucesso militar, a maioria dos historiadores concorda que o conflito representou uma vitória política que lhe permitiu posteriormente recuperar o Sinai em troca da paz com Israel.
A histórica visita de Sadat a Israel, em 1.977, levou ao tratado de paz de 1.979, que estipulava a retirada israelita completa do Sinai. A iniciativa de Sadat causou enorme controvérsia no mundo árabe e provocou a expulsão do Egito da Liga Árabe, embora fosse apoiada pela grande maioria dos egípcios. Um soldado fundamentalista islâmico assassinou Sadat no Cairo, em 1.981. Sucedeu-o Hosni Mubarak. Em 2.003, foi lançado o "Movimento Egípcio pela Mudança", que busca o retorno à democracia e a ampliação das liberdades civis.
Geografia
Com uma área de 1.001.450 km², o Egito é o 29º maior do mundo, um pouco maior do que o Estado Brasileiro do Mato Grosso e duas vezes o território da França. Entretanto, devido à aridez do clima do país, os centros urbanos estão concentrados ao longo do estreito vale do rio Nilo e no Delta do Nilo, razão pela qual 99% da população egípcia usam apenas 5,5% da área total.
O Egito faz fronteira com a Líbia a oeste, o Sudão a sul e Israel e a Faixa de Gaza a nordeste. O país controla o Canal de Suez, que liga o Mediterrâneo ao Mar Vermelho e, por conseguinte, ao Oceano Índico.
Também pertence ao Egito a Península do Sinai, na Ásia, a qual, ligada ao restante do país pelo istmo de Suez, caracteriza-o como um Estado Transcontinental.
Fora do vale do Nilo, a maior parte do território egípcio é composto por desertos sobretudo rochoso. Nas áreas de areia, os ventos criam dunas que podem ultrapassar 30m de altura. O país inclui uma parte considerável do Deserto da Líbia, o qual faz parte do Saara, a "terra vermelha", como os chamavam os antigos egípcios, que protegia o reino dos faraós de ameaças a oeste. Os outros desertos são o Oriental ou Arábico, que ocupa a faixa entre a margem direita do Nilo e o Mar Vermelho, e o do Sinai, na Península da Arábia.
Além da capital, Cairo, as outras cidades importantes do Egito são Alexandria, Almançora, Assuão, Assiut, El-Mahalla El-Kubra, Gizé, Hurghada, Luxor, Kom Ombo, Safaga, Porto Said, Sharm el Sheikh, Shubra El-Kheima, Suez e Zagazig. Os principais oásis são Bahariya, Dakhla (ou Dakhleh), Farafra, Kharga e Siuá (ou Siwa).
Hidrografia
A grande bacia hidrográfica do país é a do Nilo, cujo curso total, com 6.696 km de extensão, é único a atravessar os desertos do NE africano até atingir o Mediterrâneo. A região do vale do Nilo, situada ao sul de Assuão, é quase desértica. A partir de Assuão, onde se localizam a primeira catarata e a grande represa do mesmo nome, o rio corre num leito estreito (2 a 10 km de largura), atingido sua largura máxima em Kom-Ombo (15Km). Nessa região, o vale é ladeado por uma cadeia de colinas rochosas com altitude média de 300 m. A 5 km ao norte do Cairo, o rio divide-se em dois braços principais, formando um dos delta mais férteis do mundo.
Clima
A precipitação é baixa no Egito, exceto nos meses de inverno nas regiões mais a norte. Ao sul do Cairo, a precipitação média é de apenas cerca de 2 a 5 mm ao ano, em intervalos de muitos anos. Numa faixa estreita do litoral norte, chega a 410 mm, concentrada principalmente entre Outubro e Março. As montanhas do Sinai e algumas cidades litorâneas ao norte, como Damieta, Baltim, Sidi Barrany e, mais raramente, Alexandria, vêem neve.
As temperaturas médias situam-se entre 27 e 32 °C no verão, chegando a 43 °C no litoral do mar Vermelho, e entre 13 e 21 °C no inverno. Um vento constante de noroeste ajuda a baixar a temperatura no litoral mediterrâneo. Outro vento, o Khamsin, sopra do sul na primavera, trazendo areia e poeira, e pode elevar a temperatura no deserto para mais de 38 °C.
Demografia
A população do Egito, concentrada nas margens do Nilo, no Delta e na região próxima ao Canal de Suez, é estimada em 81 milhões de habitantes (2008), o que o faz o segundo mais populoso de África.
A esperança média de vida ao nascer é de 71,85 anos (estimativa de 2008), distribuída em 69,3 anos para os homens e 74,52 anos para as mulheres.
Os egípcios são um grupo étnico resultante da fusão dos descendentes da população autóctone do Antigo Egito com gregos, árabes (a partir do século VII) e turcos.
Cerca de 42% dos egípcios vivem em cidades. As mais populosas são o Cairo (a cidade mais populosa do continente africano com 6.789.000 habitantes, segundo dados de 1.998) e Alexandria (3.328.000 habitantes). Ao longo do século XX verificou-se uma migração das populações rurais para as cidades, o que se traduziu no surgimento nestas de problemas de saneamento básico, poluição e falta de habitações condignas.
Os núbios são um grupo minoritário do país, oriundo de uma região corresponde ao sul do Egito e ao norte do Sudão. Quando as suas terras foram submergidas pelo Lago Nasser, tiveram que mudar-se para Kom Ombo. No século XIX fixaram-se no Egito comunidades estrangeiras compostas por gregos, italianos, britânicos e franceses; desde que se deu a independência do país, estas populações têm diminuído. A outrora ativa e influente comunidade judaica egípcia praticamente desapareceu; alguns judeus visitam o país em ocasiões religiosas.
Religião
A religião maioritária do Egito é o islã sunita, aproximadamente 90% da população. A maior minoria religiosa são os coptas (9% da população). Outras minorias religiosas são os ortodoxos gregos e armênios, tanto católicos quanto protestantes.
Nesta zona viviam os judeus, ainda que em pequeno número de importância econômica. Eles abandonaram o país em 1.956, quando forças armadas de Israel, França e Grã-Bretanha atacaram o Egito.
Em 1.992 começou uma campanha de violência armada, concentrado no Cairo e no Alto Egito, cujo principal objetivo era estabelecer um governo baseado em uma lei islâmica escrita. As principais vítimas da violência foram funcionários governamentais e turistas. A Organização de Direitos Humanos determinou que o governo egípcio parasse a discriminação contra as vítimas. As leis relativas à construção das igrejas e a prática aberta da religião têm recentemente diminuído, mas o importante trabalho de construção nas igrejas ainda requerem a permissão do governo.
Política
Mohammad Hosni Mubarak assumiu a presidência do país em 14 de Outubro de 1.981, após o assassinato de Anwar Sadat, e, em 2.008, estava no seu quinto mandato. Mubarak é o chefe do Partido Democrático Nacional, no poder.
Embora o país seja formalmente uma república semipresidencialista multipartidária, na qual o poder executivo é compartilhado entre o presidente e o primeiro-ministro, na prática o presidente controla o governo e tem sido eleito como candidato único há mais de cinquenta anos. A última eleição presidencial ocorreu em Setembro de 2.005.
Em Fevereiro de 2.005, Mubarak anunciou uma reforma na lei eleitoral, de modo a permitir uma eleição presidencial multipartidária. Entretanto, a nova lei instituiu restrições draconianas para as candidaturas a presidente, impedindo que políticos conhecidos se candidatassem e permitindo a reeleição de Mubarak em Setembro daquele ano. O pleito foi criticado por alegadas acusações de interferência governamental, fraude e violência policial contra manifestantes da oposição. Como resultado, muitos egípcios parecem céticos quanto ao processo de redemocratização, já que menos de 25% dos 32 milhões de eleitores compareceram às urnas em 2.005.
Em 19 de Março de 2.007, o parlamento aprovou 34 emendas constitucionais que proíbem os partidos de usar a religião como base para atividades políticas, autorizam o presidente a dissolver o parlamento e impedem a supervisão judicial das eleições.
O poder legislativo é exercido pela Assembléia Popular, um parlamento unicameral composto por 454 membros. Destes, 444 são eleitos por voto popular para um mandato de cinco anos; os restantes 10 são nomeados pelo Presidente da República. Entre as funções da Assembléia Popular estão: aprovar o orçamento, fixar os impostos e aprovar os programas de governo. Para além da Assembléia, existe um Conselho Consultivo composto por 264 membros, 176 dos quais são eleitos através de voto popular e 88 nomeados pelo Presidente.
Diversas organizações locais e internacionais de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, criticam o histórico egípcio referente aos direitos humanos. As violações mais sérias incluem tortura, detenções arbitrárias e julgamentos perante tribunais militares e de segurança do Estado. Também há críticas relativas ao estatuto da mulher e das minorias religiosas.
Política Externa
O Egito exerce uma grande influência política na África e no Médio Oriente e as suas instituições intelectuais e islâmicas estão no centro do desenvolvimento social e cultural da região. A sede da Liga Árabe encontra-se no Cairo; tradicionalmente, o secretário-geral da organização é egípcio.
O Egito foi o primeiro país árabe a estabelecer relações diplomáticas com Israel depois da assinatura dos acordos de Camp David, em 1.978.
O ex-vice-primeiro-ministro Boutros Boutros-Ghali foi secretário-geral das Nações Unidas entre 1.991 e 1.996.
Símbolos Nacionais
A bandeira nacional é composta por 3 faixas horizontais de mesmo tamanho. As faixas são vermelha, branca e preta. A origem dos elementos desta bandeira está no Império Turco-Otomano.
O brasão de armas (em árabe: شعار مصر) é composto por uma águia dourada a olhar para a esquerda (dexter). A "águia de Saladino" ostenta uma inscrição nas suas garras em que o nome do Estado aparece escrito em árabe, Jumhuriyat Misr al-Arabiya ("República Árabe do Egito"). A águia carrega no seu peito um escudo com as cores da bandeira - mas com uma vertical, em vez de uma configuração horizontal.
"Bilady, Bilady, Bilady" (Minha Pátria, Minha Pátria, Minha Pátria) é o hino nacional do Egito, composto por Sayed Darwish.
Economia
A economia do Egito baseia-se principalmente na agricultura, exportações de petróleo e turismo. Mais de três milhões de egípcios trabalham no exterior, em especial na Arábia Saudita, no Golfo Pérsico e na Europa. A construção da barragem de Assuão e do lago Nasser, em 1.971, alterou a influência histórica do rio Nilo sobre a agricultura e a ecologia do país. O rápido crescimento populacional, a quantidade limitada de terra cultivável e a dependência do rio Nilo continuam a sobrecarregar os recursos e a economia.
O governo tem lutado para preparar a economia para o novo milênio, por meio de reformas econômicas e investimentos maciços em comunicações e infra-estrutura física. Desde 1.979, o Egito recebe em média 2,2 milhões de dólares em ajuda dos Estados Unidos. Sua principal fonte de renda, porém, é o turismo, bem como o tráfego do Canal de Suez.
O país dispõe de um mercado de energia desenvolvido e que se baseia no carvão, petróleo, gás natural e hidroelétricas. O nordeste do Sinai possui depósitos de carvão consideráveis, que são explorados à taxa de cerca de 600.000 toneladas ao ano. Produzem-se petróleo e gás nas regiões desérticas a oeste, no Golfo de Suez e no delta do Nilo. As reservas egípcias de gás são enormes, estimadas em mais de 1.100.000 metros cúbicos nos anos 1.990, e o país exporta GLP.
Após um período de estagnação, a economia começou a melhorar, com a adoção de políticas econômicas mais liberais, que se juntaram ao aumento das receitas turísticas e a um mercado de ações em alta. No seu relatório anual, o FMI avaliou o Egito como um dos principais países do mundo a empreender reformas econômicas, que incluem um corte dramático das tarifas de importação. Um novo código tributário, promulgado em 2.005, reduziu de 40% para 20% o imposto de renda das pessoas jurídicas e permitiu aumentar a arrecadação em 100% em 2.006.
A captação de investimento estrangeiro direto (IED) aumentou consideravelmente nos últimos anos, chegando a mais de 6 milhões de dólares em 2.006, devido às medidas de liberalização econômica. Espera-se que o Egito ultrapasse a África do Sul como maior captador africano de IED em 2.007.
Um dos principais obstáculos com que se defronta a economia é a distribuição de renda. Muitos egípcios criticam o governo pelos altos preços de produtos básicos, já que seu padrão de vida e poder aquisitivo permanecem relativamente estagnados.
O PIB do Egito alcançou 107.484 milhões de dólares em 2.006. Os principais parceiros comerciais do Egipo são os Estados Unidos, a Itália, o Reino Unido e a Alemanha.
O Egito está listado entre as economias dos "Próximos Onze".
Cultura
A Cultura do Egito envolve muitas nuances, de acordo com cada período histórico do país.
É impossível falar da cultura do Egito sem antes pagar um justo tributo a um fator natural que foi preponderante para o desenvolvimento da civilização egípcia em uma estreita faixa de terras cercadas por desertos: a água.
O Rio Nilo é a base de tudo. Rio que nasce no coração da África, atravessa o deserto e deságua no Mar Mediterrâneo. Era o Nilo que fornecia a água necessária à sobrevivência e ao plantio no Egito. No período das cheias, as águas do rio Nilo transbordavam o leito normal e inundavam as margens, depositando ali uma camada riquíssima de húmus, aproveitada com sabedoria pelos egípcios para o cultivo tão logo o período de enchentes passava.
A arte egípcia refere-se à arte desenvolvida e aplicada pela civilização do antigo Egito na beira do vale do rio Nilo no Norte de África. Esta manifestação artística teve a sua supremacia na região durante um longo período de tempo, estendendo-se aproximadamente pelos últimos 3.000 anos antes de Cristo e demarcando diferentes épocas que auxiliam na clarificação das diferentes variedades estilísticas adotadas: Período Arcaico, Império Antigo, Império Médio, Império Novo, Época Baixa, Período Ptolemaico e vários períodos intermédios, mais ou menos curtos, que separam as grandes épocas, e que se denotam pela turbulência e obscuridade, tanto social e política como artística. Suas crenças eram tão grandes que eram capazes de mumificar seus deuses. O processo de mumificação era tão complexo, que hoje em dia, por serem tão difíceis, poucos egípcios sabem como mumificar alguém.
Na República Árabe do Egito destaca-se, principalmente a questão de serem politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses.
Progressos
Os egípcios obtiveram notáveis progressos nas artes, nos ofícios e em algumas ciências. Confeccionaram habilmente instrumentos, armas e ornamentos em pedra, cobre e ouro. Com o papiro, criaram uma escrita própria, cujos signos eram conhecidos como hieróglifos.
Desenvolveram um sistema eficiente de irrigação, sanearam terras pantanosas, construíram diques, produziram tecidos de linho de qualidade superior a todos os países e reinados da época. Seu sistema de leis era baseado nos costumes, cercado de grande prestígio que mais tarde se impôs ao próprio faraó.
Os egípcios inventaram ainda o primeiro calendário solar da história da humanidade. Ao que tudo indica, basearam o calendário no reaparecimento anual da estrela Sírius, com a divisão do ano em 12 meses e cada mês subdividido em trinta dias cada. Adicionavam cinco dias de festa ao final de cada ano.
No Egito predominava o turismo, a prostituição e o tráfico de drogas.
Fonte: wikipedia
Com uma área de cerca de 1.001.450 km², o Egito limita a oeste com a Líbia, ao sul com o Sudão e a leste com a Faixa de Gaza e Israel. O litoral norte é banhado pelo mar Mediterrâneo e o litoral oriental pelo mar Vermelho. A Península do Sinai é banhada pelos golfos de Suez e de Acaba. A sua capital é a cidade do Cairo.
O Egito é um dos países mais populosos de África. A grande maioria da população, estimada em 80 milhões de habitantes (2007), vive nas margens do rio Nilo, praticamente a única área não desértica do país, com cerca de 40.000 kmª. Os desertos — o da Líbia, a oeste, o Oriental ou Arábico, a leste, ambos parte do Saara, e o do Sinai, na Península da Arábia — têm muito pouca população. Cerca de metade da população egípcia vive nos centros urbanos, em especial no Cairo, em Alexandria e nas outras grandes cidades do Delta do Nilo, de maior densidade demográfica.
O país é conhecido pela sua antiga civilização e por alguns dos monumentos mais famosos do mundo, como as pirâmides de Gizé e a Grande Esfinge. Ao sul, a cidade de Luxor abriga diversos sítios antigos, como o templo de Karnak e o Vale dos Reis. O Egito é reconhecido como um país político e culturalmente importante do Médio Oriente e do Norte de África.
Os gentílicos para o país são "egípcio", "egipciano" e "egipcíaco", embora as últimas formas raramente sejam usadas.
Etimologia
Um dos antigos nomes egípcios para o país, Kemet (kṃt), ou "terra negra" (de kem, "negro"), advém do solo fértil negro depositado pelas cheias do Nilo, distinto da "terra vermelha" (dechret, dšṛt) do deserto. O nome passou às formas kīmi e kīmə na fase copta da língua egípcia e aparece no grego primitivo como Χημία (Khēmía). Outro nome era ta-mry ("terra da ribeira"). Os nomes do Alto e do Baixo Egito eram Ta-Sheme'aw, "terra da junça", e Ta-Mehew "terra do norte", respectivamente.
Miṣr, o nome árabe moderno e oficial para o país, é de origem semita, diretamente relacionado com outros termos semíticos para o Egito, como o hebraico מִצְרַיִם (Mizraim), literalmente "os dois estreitos" (referência ao Alto e Baixo Egitos). A palavra possuía originalmente a conotação de "metrópole" ou "civilização" e também significa "país" ou "terra de fronteira".
O termo português "Egito" deriva do grego antigo Αίγυπτος (Aígyptos), por meio do latim Aegyptus, e já era registado no vernáculo no século XIII. A forma grega, por sua vez, advém do egípcio Ha-K-Phtah, "morada de Ptá", denominação de Mênfis, capital do Antigo Império.
História
Os vestígios de ocupação humana no vale do Nilo desde o Paleolítico assumem a forma de artefatos e petróglifos em formações rochosas ao longo do rio e nos oásis. No décimo milénio a.C., uma cultura de caçadores-recoletores e de pescadores substituiu outra, de moagem de grãos. Em torno de 8 000 a.C., mudanças climáticas ou o abuso de pastagens começou a ressequir as terras pastoris do Egito, de modo a formar o Saara. Povos tribais migraram para o Vale do Nilo, onde desenvolveram uma economia agrícola sedentária e uma sociedade mais centralizada.
Por volta de 6.000 a.C., a agricultura organizada e a construção de grandes edifícios havia surgido no Vale do Nilo. Durante o Neolítico, diversas culturas pré-dinásticas desenvolveram-se de maneira independente no Alto e no Baixo Egito. A cultura badariense e a sua sucessora, a nagadiense, são consideradas as precursoras da civilização egípcia dinástica. O sítio mais antigo conhecido no Baixo Egito, Merimda, antecede os badarienses em cerca de setecentos anos. As comunidades do Baixo e do Alto Egitos coexistiram por mais de dois mil anos, mantendo-se como culturas separadas, mas com contatos comerciais frequentes. Os primeiros exemplos de inscrições hieroglíficas egípcias apareceram no período pré-dinástico, em artefatos de cerâmica de Nagada III datados de cerca de 3.200 a.C.
Cerca de 3.150 a.C., o Rei Mena (ou Menés) fundou um reino unificado e estabeleceu a primeira de uma sequência de dinastias que governaria o Egito pelos três milênios seguintes. Posteriormente, os egípcios passaram a referir-se à seu país unificado com o termo tawy, "duas terras" e, em seguida, kemet (kīmi, em copta), "terra negra". A cultura egípcia floresceu durante este longo período e manteve traços distintos na religião, arte, língua e costumes. Às duas primeiras dinastias do Egito unificado seguiram-se o período do Império Antigo (2.700 a.C. - 2.200 a.C.), famoso pelas pirâmides, em especial a pirâmide de Djoser (III Dinastia) e as pirâmides de Gizé (IV Dinastia).
O Primeiro Período Intermédio foi uma época de distúrbios que durou cerca de 150 anos. Mas as cheias mais vigorosas do Nilo e a estabilização do governo trouxeram prosperidade ao país no Império Médio (2.040 a.C.), que atingiu o zénite durante o reinado do Faraó Amenemhat III. Um segundo período de desunião prenunciou a chegada da primeira dinastia estrangeira a governar o Egito, a dos hicsos semitas. Estes invasores tomaram grande parte do Baixo Egito por volta de 1.650 a.C. e fundaram uma nova capital, em Aváris. Foram expulsos por uma força do Alto Egito chefiada por Amósis I, quem fundou a XVIII Dinastia e transferiu a capital de Mênfis para Tebas, a atual Luxor.
O Império Novo (1.550 a.C. - 1.070 a.C.) teve início com a XVIII Dinastia e marcou a ascensão do Egito como potência internacional que, no seu auge, se expandiu para o sul até Jebel Barkal, na Núbia, e incluía partes do Levante, no leste. Alguns dos faraós mais conhecidos pertencem a este período, como Hatchepsut, Tutmés III, Akhenaton e sua mulher Nefertiti, Tutankhamon e Ramsés II. A primeira expressão do monoteísmo é desta época, com o atonismo. O país foi posteriormente invadido por líbios, núbios e assírios, mas terminou por expulsá-los a todos.
A XXX Dinastia foi a última de origem nativa a governar o país durante a Era dos Faraós. O último faraó nativo, Nectanebo II, foi derrotado pelos persas aqueménidas em 343 a.C. Posteriormente, o Egito foi conquistado pelos gregos e, em seguida, pelos romanos, num total de mais de dois mil anos de controle estrangeiro.
O cristianismo foi trazido ao Egito por São Marcos no primeiro século da Era Cristã. O reinado de Diocleciano marcou a transição entre os Impérios Romano e Bizantino no país, quando um grande número de cristãos foi perseguido. Naquela altura, o Novo Testamento foi traduzido para a língua egípcia. Após o Concílio de Calcedônia, em 451, uma Igreja Copta Egípcia foi firmemente estabelecida.
Os bizantinos recuperaram o controle do país após uma breve invasão persa no início do século VII, mantendo-o até 639, quando o Egito foi tomado pelos árabes muçulmanos sunitas. Os egípcios começaram então a misturar a sua nova fé com crenças e práticas locais que sobreviveram através do cristianismo copta, o que deu origem a diversas ordens sufistas que existem até hoje. Os governantes muçulmanos eram nomeados pelo Califado Islâmico e mantiveram o controle do país pelos seis séculos seguintes, inclusive durante o período em que o Egito foi a sede do Califado fatímida. Com o fim da dinastia aiúbida, a casta militar turco-circassiana dos mamelucos tomou o poder em 1.250 e continuou a governar até mesmo após a conquista do Egito pelos turcos otomanos em 1.517.
A breve invasão francesa do Egito em 1.798, chefiada por Napoleão Bonaparte, resultou num grande impacto no país e em sua cultura. Os egípcios foram expostos aos princípios da Revolução Francesa e tiveram a oportunidade de exercitar o auto-governo. À retirada francesa seguiu-se uma série de guerras civis entre os turcos otomanos, os mamelucos e mercenários albaneses, até que Mehmet Ali, de origem albanesa, tomou o controle do país e foi nomeado vice-rei do Egito pelos otomanos em 1.805. Ali promoveu uma campanha de obras públicas modernizadoras, como projetos de irrigação e reformas agrícolas, bem como uma maior industrialização do país, tarefa continuada e ampliada por seu neto e sucessor, Ismail Paxá.
A Assembleia dos Delegados foi fundada em 1.866 com funções consultivas e veio a influenciar de maneira importante as decisões do governo. A abertura do Canal de Suez pelo Quediva Ismail, em 1.869, tornou o Egito um centro mundial de transporte e comércio, mas fez com que o país contraísse uma pesada dívida junto às potências européias. Como resultado, o Reino Unido tomou o controle do governo egípcio em 1.882para proteger os seus interesses financeiros, em especial os relativos ao canal.
Logo após intervir no país, o Reino Unido enviou tropas para Alexandria e para a zona do canal, aproveitando-se da fraqueza das forças armadas egípcias. Com a derrota do exército egípcio na batalha de Tel el-Kebir, as tropas britânicas alcançaram o Cairo, eliminaram o governo nacionalista e dissolveram as forças armadas do país. Tecnicamente, o Egito permaneceu como uma província otomana até 1.914, quando o Reino Unido derrubou Abbas II, último quediva egípcio, e formalmente declarou o Egito um protetorado seu. Hussein Kamil, tio de Abbas, foi então nomeado sultão do Egito.
Entre 1.882 e 1.906, surgiu um movimento nacionalista que propunha a independência. O Incidente de Dinshaway (em que soldados britânicos abriram fogo contra um grupo de egípcios) levou a oposição egípcia a adotar uma posição mais forte contra a ocupação do país pelo Reino Unido. Fundaram-se os primeiros partidos políticos locais. Após a Primeira Guerra Mundial, Saad Zaghlul e o Partido Wafd chefiaram o movimento nacionalista egípcio, ganhando a maioria da assembléia legislativa local. Quando os britânicos exilaram Zaghlul e seus correligionários para Malta em 8 de Março de 1.919, o país levantou-se na primeira revolta de sua história moderna. As constantes rebeliões por todo o país levaram o Reino Unido a proclamar, unilateralmente, a independência do Egito, em 22 de Fevereiro de 1922.
O novo governo egípcio promulgou uma constituição em 1.923, com base num sistema parlamentarista representativo. Saad Zaghlul foi eleito para o cargo de primeiro-ministro pelo voto popular, em 1.924. Em 1.936, foi assinado o tratado anglo-egípcio, pelo qual o Reino Unido se comprometia a defender o Egito e recebia o direito de manter tropas no Canal de Suez. A continuidade da ingerência britânica no país e o aumento do envolvimento do rei do Egito na política levaram à queda da monarquia e à dissolução do parlamento, por meio de um golpe militar conhecido como a Revolução de 1.952. Este "Movimento dos Oficiais Livres" forçou o Rei Faruk a abdicar em favor do seu filho Fuad.
A República do Egito foi proclamada em 18 de Junho de 1.953, presidida pelo General Muhammad Naguib. Em 1.954, Gamal Abdel Nasser — o verdadeiro arquiteto do movimento de 1.952 — forçou Naguib a renunciar, colocando-o em prisão domiciliária. Nasser assumiu a presidência e declarou a total independência do Egito com relação ao Reino Unido, em 18 de Junho de 1.956, com a conclusão da retirada das tropas britânicas. Em 26 de Julho daquele ano, nacionalizou o Canal de Suez, deflagrando a chamada Crise do Suez.
Nasser faleceu em 1.970, três anos após a Guerra dos Seis Dias, na qual Israel invadiu e ocupou a Península do Sinai. Sucedeu-o Anwar Al Sadat, que afastou o país da União Soviética e o aproximou dos Estados Unidos, expulsando os conselheiros soviéticos em 1.972. Promoveu uma reforma econômica chamada "Infitá" e suprimiu de maneira violenta tanto a oposição política quanto a religiosa.
Em 1.973, o Egito, juntamente com a Síria, deflagrou a Guerra de Outubro (ou do Yom Kippur), um ataque-surpresa contra as forças israelitas que ocupavam a Península do Sinai e as colinas de Golã (Síria). Os EUA e a URSS intervieram e chegou-se a um cessar-fogo. Embora não tenha resultado num sucesso militar, a maioria dos historiadores concorda que o conflito representou uma vitória política que lhe permitiu posteriormente recuperar o Sinai em troca da paz com Israel.
A histórica visita de Sadat a Israel, em 1.977, levou ao tratado de paz de 1.979, que estipulava a retirada israelita completa do Sinai. A iniciativa de Sadat causou enorme controvérsia no mundo árabe e provocou a expulsão do Egito da Liga Árabe, embora fosse apoiada pela grande maioria dos egípcios. Um soldado fundamentalista islâmico assassinou Sadat no Cairo, em 1.981. Sucedeu-o Hosni Mubarak. Em 2.003, foi lançado o "Movimento Egípcio pela Mudança", que busca o retorno à democracia e a ampliação das liberdades civis.
Geografia
Com uma área de 1.001.450 km², o Egito é o 29º maior do mundo, um pouco maior do que o Estado Brasileiro do Mato Grosso e duas vezes o território da França. Entretanto, devido à aridez do clima do país, os centros urbanos estão concentrados ao longo do estreito vale do rio Nilo e no Delta do Nilo, razão pela qual 99% da população egípcia usam apenas 5,5% da área total.
O Egito faz fronteira com a Líbia a oeste, o Sudão a sul e Israel e a Faixa de Gaza a nordeste. O país controla o Canal de Suez, que liga o Mediterrâneo ao Mar Vermelho e, por conseguinte, ao Oceano Índico.
Também pertence ao Egito a Península do Sinai, na Ásia, a qual, ligada ao restante do país pelo istmo de Suez, caracteriza-o como um Estado Transcontinental.
Fora do vale do Nilo, a maior parte do território egípcio é composto por desertos sobretudo rochoso. Nas áreas de areia, os ventos criam dunas que podem ultrapassar 30m de altura. O país inclui uma parte considerável do Deserto da Líbia, o qual faz parte do Saara, a "terra vermelha", como os chamavam os antigos egípcios, que protegia o reino dos faraós de ameaças a oeste. Os outros desertos são o Oriental ou Arábico, que ocupa a faixa entre a margem direita do Nilo e o Mar Vermelho, e o do Sinai, na Península da Arábia.
Além da capital, Cairo, as outras cidades importantes do Egito são Alexandria, Almançora, Assuão, Assiut, El-Mahalla El-Kubra, Gizé, Hurghada, Luxor, Kom Ombo, Safaga, Porto Said, Sharm el Sheikh, Shubra El-Kheima, Suez e Zagazig. Os principais oásis são Bahariya, Dakhla (ou Dakhleh), Farafra, Kharga e Siuá (ou Siwa).
Hidrografia
A grande bacia hidrográfica do país é a do Nilo, cujo curso total, com 6.696 km de extensão, é único a atravessar os desertos do NE africano até atingir o Mediterrâneo. A região do vale do Nilo, situada ao sul de Assuão, é quase desértica. A partir de Assuão, onde se localizam a primeira catarata e a grande represa do mesmo nome, o rio corre num leito estreito (2 a 10 km de largura), atingido sua largura máxima em Kom-Ombo (15Km). Nessa região, o vale é ladeado por uma cadeia de colinas rochosas com altitude média de 300 m. A 5 km ao norte do Cairo, o rio divide-se em dois braços principais, formando um dos delta mais férteis do mundo.
Clima
A precipitação é baixa no Egito, exceto nos meses de inverno nas regiões mais a norte. Ao sul do Cairo, a precipitação média é de apenas cerca de 2 a 5 mm ao ano, em intervalos de muitos anos. Numa faixa estreita do litoral norte, chega a 410 mm, concentrada principalmente entre Outubro e Março. As montanhas do Sinai e algumas cidades litorâneas ao norte, como Damieta, Baltim, Sidi Barrany e, mais raramente, Alexandria, vêem neve.
As temperaturas médias situam-se entre 27 e 32 °C no verão, chegando a 43 °C no litoral do mar Vermelho, e entre 13 e 21 °C no inverno. Um vento constante de noroeste ajuda a baixar a temperatura no litoral mediterrâneo. Outro vento, o Khamsin, sopra do sul na primavera, trazendo areia e poeira, e pode elevar a temperatura no deserto para mais de 38 °C.
Demografia
A população do Egito, concentrada nas margens do Nilo, no Delta e na região próxima ao Canal de Suez, é estimada em 81 milhões de habitantes (2008), o que o faz o segundo mais populoso de África.
A esperança média de vida ao nascer é de 71,85 anos (estimativa de 2008), distribuída em 69,3 anos para os homens e 74,52 anos para as mulheres.
Os egípcios são um grupo étnico resultante da fusão dos descendentes da população autóctone do Antigo Egito com gregos, árabes (a partir do século VII) e turcos.
Cerca de 42% dos egípcios vivem em cidades. As mais populosas são o Cairo (a cidade mais populosa do continente africano com 6.789.000 habitantes, segundo dados de 1.998) e Alexandria (3.328.000 habitantes). Ao longo do século XX verificou-se uma migração das populações rurais para as cidades, o que se traduziu no surgimento nestas de problemas de saneamento básico, poluição e falta de habitações condignas.
Os núbios são um grupo minoritário do país, oriundo de uma região corresponde ao sul do Egito e ao norte do Sudão. Quando as suas terras foram submergidas pelo Lago Nasser, tiveram que mudar-se para Kom Ombo. No século XIX fixaram-se no Egito comunidades estrangeiras compostas por gregos, italianos, britânicos e franceses; desde que se deu a independência do país, estas populações têm diminuído. A outrora ativa e influente comunidade judaica egípcia praticamente desapareceu; alguns judeus visitam o país em ocasiões religiosas.
Religião
A religião maioritária do Egito é o islã sunita, aproximadamente 90% da população. A maior minoria religiosa são os coptas (9% da população). Outras minorias religiosas são os ortodoxos gregos e armênios, tanto católicos quanto protestantes.
Nesta zona viviam os judeus, ainda que em pequeno número de importância econômica. Eles abandonaram o país em 1.956, quando forças armadas de Israel, França e Grã-Bretanha atacaram o Egito.
Em 1.992 começou uma campanha de violência armada, concentrado no Cairo e no Alto Egito, cujo principal objetivo era estabelecer um governo baseado em uma lei islâmica escrita. As principais vítimas da violência foram funcionários governamentais e turistas. A Organização de Direitos Humanos determinou que o governo egípcio parasse a discriminação contra as vítimas. As leis relativas à construção das igrejas e a prática aberta da religião têm recentemente diminuído, mas o importante trabalho de construção nas igrejas ainda requerem a permissão do governo.
Política
Mohammad Hosni Mubarak assumiu a presidência do país em 14 de Outubro de 1.981, após o assassinato de Anwar Sadat, e, em 2.008, estava no seu quinto mandato. Mubarak é o chefe do Partido Democrático Nacional, no poder.
Embora o país seja formalmente uma república semipresidencialista multipartidária, na qual o poder executivo é compartilhado entre o presidente e o primeiro-ministro, na prática o presidente controla o governo e tem sido eleito como candidato único há mais de cinquenta anos. A última eleição presidencial ocorreu em Setembro de 2.005.
Em Fevereiro de 2.005, Mubarak anunciou uma reforma na lei eleitoral, de modo a permitir uma eleição presidencial multipartidária. Entretanto, a nova lei instituiu restrições draconianas para as candidaturas a presidente, impedindo que políticos conhecidos se candidatassem e permitindo a reeleição de Mubarak em Setembro daquele ano. O pleito foi criticado por alegadas acusações de interferência governamental, fraude e violência policial contra manifestantes da oposição. Como resultado, muitos egípcios parecem céticos quanto ao processo de redemocratização, já que menos de 25% dos 32 milhões de eleitores compareceram às urnas em 2.005.
Em 19 de Março de 2.007, o parlamento aprovou 34 emendas constitucionais que proíbem os partidos de usar a religião como base para atividades políticas, autorizam o presidente a dissolver o parlamento e impedem a supervisão judicial das eleições.
O poder legislativo é exercido pela Assembléia Popular, um parlamento unicameral composto por 454 membros. Destes, 444 são eleitos por voto popular para um mandato de cinco anos; os restantes 10 são nomeados pelo Presidente da República. Entre as funções da Assembléia Popular estão: aprovar o orçamento, fixar os impostos e aprovar os programas de governo. Para além da Assembléia, existe um Conselho Consultivo composto por 264 membros, 176 dos quais são eleitos através de voto popular e 88 nomeados pelo Presidente.
Diversas organizações locais e internacionais de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, criticam o histórico egípcio referente aos direitos humanos. As violações mais sérias incluem tortura, detenções arbitrárias e julgamentos perante tribunais militares e de segurança do Estado. Também há críticas relativas ao estatuto da mulher e das minorias religiosas.
Política Externa
O Egito exerce uma grande influência política na África e no Médio Oriente e as suas instituições intelectuais e islâmicas estão no centro do desenvolvimento social e cultural da região. A sede da Liga Árabe encontra-se no Cairo; tradicionalmente, o secretário-geral da organização é egípcio.
O Egito foi o primeiro país árabe a estabelecer relações diplomáticas com Israel depois da assinatura dos acordos de Camp David, em 1.978.
O ex-vice-primeiro-ministro Boutros Boutros-Ghali foi secretário-geral das Nações Unidas entre 1.991 e 1.996.
Símbolos Nacionais
A bandeira nacional é composta por 3 faixas horizontais de mesmo tamanho. As faixas são vermelha, branca e preta. A origem dos elementos desta bandeira está no Império Turco-Otomano.
O brasão de armas (em árabe: شعار مصر) é composto por uma águia dourada a olhar para a esquerda (dexter). A "águia de Saladino" ostenta uma inscrição nas suas garras em que o nome do Estado aparece escrito em árabe, Jumhuriyat Misr al-Arabiya ("República Árabe do Egito"). A águia carrega no seu peito um escudo com as cores da bandeira - mas com uma vertical, em vez de uma configuração horizontal.
"Bilady, Bilady, Bilady" (Minha Pátria, Minha Pátria, Minha Pátria) é o hino nacional do Egito, composto por Sayed Darwish.
Economia
A economia do Egito baseia-se principalmente na agricultura, exportações de petróleo e turismo. Mais de três milhões de egípcios trabalham no exterior, em especial na Arábia Saudita, no Golfo Pérsico e na Europa. A construção da barragem de Assuão e do lago Nasser, em 1.971, alterou a influência histórica do rio Nilo sobre a agricultura e a ecologia do país. O rápido crescimento populacional, a quantidade limitada de terra cultivável e a dependência do rio Nilo continuam a sobrecarregar os recursos e a economia.
O governo tem lutado para preparar a economia para o novo milênio, por meio de reformas econômicas e investimentos maciços em comunicações e infra-estrutura física. Desde 1.979, o Egito recebe em média 2,2 milhões de dólares em ajuda dos Estados Unidos. Sua principal fonte de renda, porém, é o turismo, bem como o tráfego do Canal de Suez.
O país dispõe de um mercado de energia desenvolvido e que se baseia no carvão, petróleo, gás natural e hidroelétricas. O nordeste do Sinai possui depósitos de carvão consideráveis, que são explorados à taxa de cerca de 600.000 toneladas ao ano. Produzem-se petróleo e gás nas regiões desérticas a oeste, no Golfo de Suez e no delta do Nilo. As reservas egípcias de gás são enormes, estimadas em mais de 1.100.000 metros cúbicos nos anos 1.990, e o país exporta GLP.
Após um período de estagnação, a economia começou a melhorar, com a adoção de políticas econômicas mais liberais, que se juntaram ao aumento das receitas turísticas e a um mercado de ações em alta. No seu relatório anual, o FMI avaliou o Egito como um dos principais países do mundo a empreender reformas econômicas, que incluem um corte dramático das tarifas de importação. Um novo código tributário, promulgado em 2.005, reduziu de 40% para 20% o imposto de renda das pessoas jurídicas e permitiu aumentar a arrecadação em 100% em 2.006.
A captação de investimento estrangeiro direto (IED) aumentou consideravelmente nos últimos anos, chegando a mais de 6 milhões de dólares em 2.006, devido às medidas de liberalização econômica. Espera-se que o Egito ultrapasse a África do Sul como maior captador africano de IED em 2.007.
Um dos principais obstáculos com que se defronta a economia é a distribuição de renda. Muitos egípcios criticam o governo pelos altos preços de produtos básicos, já que seu padrão de vida e poder aquisitivo permanecem relativamente estagnados.
O PIB do Egito alcançou 107.484 milhões de dólares em 2.006. Os principais parceiros comerciais do Egipo são os Estados Unidos, a Itália, o Reino Unido e a Alemanha.
O Egito está listado entre as economias dos "Próximos Onze".
Cultura
A Cultura do Egito envolve muitas nuances, de acordo com cada período histórico do país.
É impossível falar da cultura do Egito sem antes pagar um justo tributo a um fator natural que foi preponderante para o desenvolvimento da civilização egípcia em uma estreita faixa de terras cercadas por desertos: a água.
O Rio Nilo é a base de tudo. Rio que nasce no coração da África, atravessa o deserto e deságua no Mar Mediterrâneo. Era o Nilo que fornecia a água necessária à sobrevivência e ao plantio no Egito. No período das cheias, as águas do rio Nilo transbordavam o leito normal e inundavam as margens, depositando ali uma camada riquíssima de húmus, aproveitada com sabedoria pelos egípcios para o cultivo tão logo o período de enchentes passava.
A arte egípcia refere-se à arte desenvolvida e aplicada pela civilização do antigo Egito na beira do vale do rio Nilo no Norte de África. Esta manifestação artística teve a sua supremacia na região durante um longo período de tempo, estendendo-se aproximadamente pelos últimos 3.000 anos antes de Cristo e demarcando diferentes épocas que auxiliam na clarificação das diferentes variedades estilísticas adotadas: Período Arcaico, Império Antigo, Império Médio, Império Novo, Época Baixa, Período Ptolemaico e vários períodos intermédios, mais ou menos curtos, que separam as grandes épocas, e que se denotam pela turbulência e obscuridade, tanto social e política como artística. Suas crenças eram tão grandes que eram capazes de mumificar seus deuses. O processo de mumificação era tão complexo, que hoje em dia, por serem tão difíceis, poucos egípcios sabem como mumificar alguém.
Na República Árabe do Egito destaca-se, principalmente a questão de serem politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses.
Progressos
Os egípcios obtiveram notáveis progressos nas artes, nos ofícios e em algumas ciências. Confeccionaram habilmente instrumentos, armas e ornamentos em pedra, cobre e ouro. Com o papiro, criaram uma escrita própria, cujos signos eram conhecidos como hieróglifos.
Desenvolveram um sistema eficiente de irrigação, sanearam terras pantanosas, construíram diques, produziram tecidos de linho de qualidade superior a todos os países e reinados da época. Seu sistema de leis era baseado nos costumes, cercado de grande prestígio que mais tarde se impôs ao próprio faraó.
Os egípcios inventaram ainda o primeiro calendário solar da história da humanidade. Ao que tudo indica, basearam o calendário no reaparecimento anual da estrela Sírius, com a divisão do ano em 12 meses e cada mês subdividido em trinta dias cada. Adicionavam cinco dias de festa ao final de cada ano.
No Egito predominava o turismo, a prostituição e o tráfico de drogas.
Fonte: wikipedia
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