"Todos os homens sonham, mas não da mesma forma. Os que sonham a noite, nos recessos poeirentos das suas mentes, acordam de manhã para verem que tudo, afinal, não passava de vaidade. Mas os que sonham acordados, esses são homens perigosos, pois realizam os seus sonhos de olhos abertos, tornando-os possíveis". Lawrence da Arábia

sábado, 4 de setembro de 2010

A Turquia não é país árabe

A Turquia (Türkiye, em turco), cujo nome oficial é República da Turquia (Türkiye Cumhuriyeti), é um país eurasiático constituído por uma pequena parte europeia, a Trácia, e uma grande parte asiática, a Anatólia. Tem limite com oito países: a Bulgária a noroeste, a Grécia a oeste, a Geórgia a nordeste, a Arménia, o Irã e o Nakichevan azerbaijano/Azerbaijão a leste, o Iraque e a Síria a sudeste. É banhada pelo Mar Negro ao norte, pelo Egeu e o Mar de Mármara a oeste e pelo Mediterrâneo ao sul. Sua capital é Ancara.
Nos termos da constituição turca, a Turquia é uma república democrática, secular e constitucional cujo sistema político foi estabelecido em 1923, após o fim do Império Otomano. Atualmente, negocia sua adesão como membro pleno da União Europeia.
A Turquia e seus Estados antecessores foram uma ponte entre as culturas ocidental e oriental e o centro de diversas grandes civilizações.

História

Devido a sua posição estratégica entre a Ásia e a Europa, a Anatólia foi o berço de diversas civilizações desde os tempos pré-históricos, como atestam alguns assentamentos neolíticos. A povoação de Tróia começa no Neolítico e adentra a Idade do Ferro. Ao longo da história, os anatólios falaram línguas indo-europeias, semíticas e kartvelianas, bem como algumas de afiliação incerta. Dentre os povos da Idade do Ferro que colonizaram ou invadiram a Anatólia, podem-se destacar os frígios, os hititas, os lídios, os lícios, os celtas, os urartu, os curdos, os cimérios, os armênios, os persas e os gregos.
À conquista gradual da Anatólia das mãos dos bizantinos pelos turcos seljúcidas seguiu-se a constituição do Império Otomano. No final do século XVI, no zênite de sua civilização, o Império Otomano incluía a Anatólia, os Bálcãs, o norte da África, o Oriente Médio, a Europa Oriental e o Cáucaso, com uma área total de 5,6 milhões km². Os otomanos interagiram com culturas a leste e a oeste ao longo de seus 624 anos de história.
Nos séculos XVI e XVII, o Império Otomano era um dos Estados mais poderosos do mundo, frequentemente colidindo com as potências da Europa Oriental, ao avançar através dos Bálcãs e da porção sul da Comunidade Polaco-Lituana. Sua marinha também era uma força considerável no Mediterrâneo. Em diversas ocasiões, o exército otomano atingiu a Europa Central, cercando Viena em 1529 e 1683, numa tentativa de conquistar o território dos Habsburgos. Foi repelido apenas por meio de grandes coalizões terrestres e marítimas formadas por potências europeias.
Após anos de declínio, o Império Otomano entrou na Primeira Guerra Mundial ao lado da Alemanha, em 1914. Derrotado ao final do conflito, as potências europeias procuraram partilhar o Império por intermédio do tratado de Sèvres. A consequente ocupação grega de İzmir, com o apoio dos Aliados, resultou num movimento nacionalista turco iniciado em 19 de maio de 1919 e chefiado por Mustafa Kemal Pasha. Kemal buscou revogar o tratado, que havia sido assinado pelo sultão em Istambul, mobilizando toda a sociedade turca no que viria a transformar-se na Guerra de Independência Turca.
Em setembro de 1922, as forças estrangeiras de ocupação haviam sido expulsas. Em 1º de novembro, a Grande Assembleia Nacional Turca aboliu o cargo de sultão, pondo termo a 631 anos de domínio otomano. Em 1923, o tratado de Lausanne reconheceu a soberania da nova República da Turquia. Kemal - que viria a ser conhecido como Atatürk ("pai dos turcos") - tornou-se o primeiro presidente da República e instituiu reformas abrangentes com o objetivo de modernizar o país.
A Turquia ingressou na Segunda Guerra Mundial do lado dos Aliados, na fase final do conflito, e tornou-se membro das Nações Unidas. As exigências da União Soviética no sentido de que a Turquia permitisse a instalação de bases militares nos estreitos turcos fizeram com que os Estados Unidos declarassem sua intenção de garantir a segurança do país, com consequente apoio militar e econômico americano.
A Turquia aderiu à OTAN em 1952. Em 1974, interveio militarmente em Chipre, em reação a um golpe de gregos cipriotas, levando à criação da República Turca de Chipre do Norte, não reconhecida por nenhum outro Estado exceto a Turquia.
A República da Turquia vivenciou uma série de golpes e, a partir dos anos 1970, períodos de instabilidade política e dificuldades econômicas. As eleições de 2002 levaram ao poder central o Partido da Justiça e Desenvolvimento, conservador, chefiado pelo ex-prefeito de Istambul, Recep Tayyip Erdoğan. Em 2005, a União Europeia iniciou o processo de negociação com vistas à eventual adesão plena do país, que já é membro associado desde 1964.

Geografia

O território da Turquia (coordenadas 36° a 42° N e 26° a 45° E) encontra-se na Eurásia e apresenta um formato aproximadamente retangular, com uma extensão L-O de 1.660 km e N-S de menos de 800 km. A área total do país, inclusive as superfícies lacustres, totaliza 779.452 km², dos quais 97% (755.688 km²) se encontram na Anatólia (também conhecida como Ásia Menor), no oeste da Ásia, e 3% (23.764 km²), na Europa (a chamada Trácia). É o 36º país em território, comparável em área ao Chile, sendo um pouco menor do que o estado brasileiro do Mato Grosso.
A Anatólia é formada por um planalto central alto e planícies litorâneas estreitas, com os Montes Tauros ao sul. O terreno interior da Anatólia torna-se progressivamente mais acidentado à medida que avança para o leste, ali encontrando-se rios como o Eufrates e o rio Tigre, bem como o Lago Van e o Monte Ararat (5.137 m), este o ponto culminante da Turquia.

As diversas regiões da Turquia apresentam climas diferentes. Os litorais egeu e mediterrâneo têm invernos frios e chuvosos e verões quentes e relativamente secos. As montanhas próximas ao litoral impedem que a influência do Mediterrâneo avance para o interior, conferindo às regiões longe da costa um clima continental com estações diferenciadas. O planalto central anatólio é mais sujeito a extremos do que as regiões litorâneas, apresentando invernos especialmente rigorosos.
A principal cidade do país, Istambul (anteriormente chamada Bizâncio, depois Constantinopla), encontra-se entre a Trácia e a Anatólia, dividida ao meio pelo estreito do Bósforo. Trata-se da única cidade do mundo a cavaleiro de dois continentes.

Religião

Nominalmente, 99% da população da Turquia são considerados muçulmanos, em sua maioria pertencentes ao ramo sunita do Islã. Há também uma minoria significativa de xiitas duodecimanos.
O restante da população (1%) pertence a outras religiões, principalmente cristãos (ortodoxos gregos, apostólicos armênios, ortodoxos siríacos, católicos romanos e protestantes), judeus e bahá'ís.
Diferentemente de outras sociedades muçulmanas, a Turquia possui uma forte tradição secularista. Embora o Estado não promova nenhuma religião, observa de modo constante o relacionamento entre as diversas fés. A constituição proíbe a discriminação com base na religião e prescreve a liberdade religiosa. Por outro lado, veda o envolvimento das comunidades religiosas no processo político-partidário.
O Patriarca Ortodoxo é o chefe da Igreja Ortodoxa Grega na Turquia e atua também como chefe espiritual de todas as igrejas ortodoxas no mundo.

Política

A Turquia é uma república democrática, multipartidária e secular, com um sistema de governo parlamentarista. O presidente da República, eleito pela Grande Assembleia Nacional para um mandato de sete anos, é o chefe de Estado. O governo é chefiado por um primeiro-ministro e composto pelo conselho de ministros. O poder Legislativo compete ao governo e à Grande Assembleia Nacional. O poder Judiciário é independente do Executivo e do Legislativo.
As forças armadas da Turquia exercem um papel informal na política do país, autodefinindo-se como as guardiãs da natureza secular e unitária da república. Os partidos políticos considerados anti-seculares ou separatistas pelo Judiciário podem ser proibidos.
A Turquia é membro das Nações Unidas e do Conselho da Europa, bem como de OTAN, OCDE, OSCE e OCI. Atualmente, prosseguem as negociações para a acessão do país à União Europeia.

Símbolos nacionais

A bandeira nacional é composta por uma crescente e uma estrela num fundo vermelho. A lua crescente e a estrela são símbolos referentes à religião islâmica. Sua explicação é encontrada em lendas variadas da própria região.
A República da Turquia não tem um brasão de armas oficial. Em vez disso, possui um logo usado por muitas instituições do governo. O logo é oval e vermelho, contendo uma crescente orientada verticalmente e a estrela da bandeira da Turquia, sustentada pelo nome oficial do país na língua turca.
İstiklâl Marşı é o hino nacional da Turquia, composto por Mehmet Akif Ersoy, com música de Osman Zeki Üngör. O poema possui 10 estrofes, mas apenas as duas primeiras são cantadas.

Subdivisões

Para fins geográficos, o país divide-se em sete regiões: Mármara (Turquia europeia e vizinhança asiática do Mar de Mármara), Egeu (oeste), Mediterrâneo (sul), Anatólia Central, Anatólia Oriental, Anatólia do Sudeste e Mar Negro (norte). Oficialmente, divide-se em 81 províncias.

Economia

A economia turca constitui-se num misto complexo de indústria e comércio modernos e um setor agrícola tradicional que, em 2005, ainda era responsável por 30% dos empregos. A Turquia dispõe de um setor privado forte e em rápido crescimento, mas o Estado ainda desempenha um papel preponderante nas áreas de indústria de base, bancos, transporte e comunicações.

A Turquia iniciou uma série de reformas nos anos 1980 com o objetivo de reorientar a economia de um sistema estatista e isolado para um modelo mais voltado para o setor privado. As reformas provocaram um crescimento econômico acelerado, embora com episódios de forte recessão e crises financeiras em 1994, 1999 e 2001. A incapacidade de implementar reformas adicionais, combinada com déficits públicos grandes e crescentes e corrupção generalizada, resultou em inflação alta, volatilidade econômica e um setor bancário fraco. O governo viu-se então forçado a deixar a lira turca flutuar e a adotar um programa de reformas econômicas mais ambicioso, inclusive com uma política fiscal mais rígida e com níveis sem precedentes de empréstimos do FMI.
Em 2002 e 2003, as reformas começaram a dar resultados e o governo logrou estabilizar as taxas de juros e pagar a dívida pública. Desde então, a inflação e a taxa de juros têm decrescido consideravelmente. A economia cresceu à ordem de 7,5% ao ano entre 2002 e 2005.
Em 1º de janeiro de 2005, a lira turca foi substituída pela nova lira turca, com o corte de seis zeros.
Em 2005, a Turquia atraiu US$9.6 bilhões em investimento direto estrangeiro, resultado do programa econômico que incluiu grandes privatizações, a estabilidade provocada pelo início das negociações para a adesão à União Europeia, o crescimento econômico e mudanças estruturais nos setores bancário, de varejo e de telecomunicações.
Em 2005, o PIB turco foi de US$612.3 bilhões (PPC), com um PIB per capita de US$8,200 e inflação de 8,2%. Com exportações de US$72,5 bilhões e importações de US$101,2 bilhões (2005, FOB), seus principais parceiros comerciais são a Alemanha, o Reino Unido, a Itália, os Estados Unidos, a França e a Espanha.

Infraestrutura

Educação

A educação é obrigatória e gratuita para a faixa escolar do ensino fundamental, entre 6 e 14 anos de idade. Em 2001, quase 100% das crianças naquela idade escolar estavam matriculadas. Cerca de 95% dos alunos dos ensinos fundamental e médio freqüentam escolas públicas, embora a classe média procure, cada vez mais, escolas particulares, devido à qualidade irregular do ensino público.
Em 2001, havia cerca de 1200 instituições de ensino superior, das quais 85 são universidades. Há universidades públicas e privadas na Turquia.
Em 2008, uma lei gerou polêmica entre os laicos. Os deputados aprovaram uma lei que permite o uso do véu islâmico pelas mulheres nas universidades. Os manifestantes alegam que "A Turquia é laica, e assim continuará". Alguns meses depois, o véu foi novamente proibido.

Cultura

A diversidade da cultura turca reflete a mistura de vários elementos das tradições otomanas, europeias e islâmicas. Após a transformação do país num Estado moderno com nítida separação entre mesquita e Estado, o governo investiu consideravelmente na área de belas artes, inclusive museus, teatros e arquitetura. Hoje, a economia turca é suficientemente próspera para que o setor privado também financie manifestações artísticas.
A cultura da Turquia equilibra-se entre a aspiração de ser "moderna" e ocidental, por um lado, e a necessidade de manter valores tradicionais religiosos e históricos.

Fonte: wikipedia

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