O Sudão é um país africano, limitado a norte pelo Egito, a leste pelo Mar Vermelho, por onde faz fronteira com a Arábia Saudita, pela Eritreia e pela Etiópia, a sul pelo Quênia, Uganda e República Democrática do Congo e a oeste pela República Centro-Africana, Chade e Líbia. A capital é Cartum.
História
Conhecido na Antiguidade como Núbia, o Sudão é incorporado ao mundo árabe na expansão islâmica do século VII. O sul escapa ao controle muçulmano e sofre incursões de caçadores de escravos. Entre 1820 e 1822, é conquistado e unificado pelo Egito e posteriormente entra na esfera de influência do Reino Unido. Em 1881 eclode uma revolta nacionalista chefiada por Muhammad Ahmed bin' Abd Allah, líder religioso conhecido como Mahdi, que expulsou os ingleses em 1885. Ele morre logo depois e os britânicos retomam o Sudão em 1898. No ano seguinte, a Nação é submetida ao domínio egípcio-britânico. Obtém autonomia limitada em 1953 e independência total em 1956.
O Sudão é hoje o maior país da África, e está em guerra civil há 46 anos. O conflito entre o governo muçulmano e guerrilheiros não-muçulmanos, baseados no sul do território, revela as realidades culturais opostas da Nação. A guerra e prolongados períodos de seca já deixaram mais de 2 milhões de mortos.
A introdução da Sharia, a lei islâmica, causou a fuga de mais de 350 mil sudaneses para países vizinhos. Entre outras medidas, a lei determina a proibição de bebidas alcoólicas e punições por enforcamento ou mutilação.
Conflito em Darfur
A 9 de setembro de 2004 o Secretário de Estado norte-americano Colin Powell denominou o conflito em Darfur de genocídio, declarando-a a pior crise humanitária do século XXI. Houve relatos de que a Janjawid (milícias governamentais) estava lançando ataques e bombardeios a vilarejos, e matando civis com base na etnia, cometendo estupros, roubando bens, terras e gado. Até o momento, mais de 2,5 milhões de civis foram deslocados, e se estima o total de mortos entre 200 mil e 400 mil. Estas estimativas estão estagnadas desde que os relatórios iniciais da ONU apontaram genocídio já em 2003/2004.
A 5 de maio de 2006 o governo sudanês e o principal grupo rebelde do país, o Movimento de Libertação do Sudão - MLS - assinaram o Acordo de Paz de Darfur, que tentava pôr fim ao conflito. O acordo estabelecia especificamente o desarmamento da Janjawid e desmantelamento dos grupos armados, e visava estabelecer um governo temporário no qual os rebeldes pudessem participar. Somente um grupo rebelde, o SLA, comandado por Minni Arko Minnawi, aceitou assinar o acordo.
Desde que o acordo foi assinado, entretanto, tem havido notícias de violência generalizada na região. Surgiu um novo grupo, chamado Frente de Redenção Nacional, formado pela união de 4 grupos que recusaram-se a assinar os acordos de mamio de 2006. Recentemente, tanto o governo quanto as milícias islâmicas por ele apoiadas têm lançado grandes ofensivas contra os grupos rebeldes, resultando em mais mortes e mais refugiados. Conflitos entre os próprios grupos rebeldes também contribuíram para a violência. Combates recentes na fronteira com o Chade deixaram centenas de soldados e rebeldes mortos, e quase 250 mil refugiados sem ajuda humanitária.
A população de Darfur é predominantemente negra e de religião muçulmana, enquanto a milícia Janjawid é predominantemente árabe negra. A maioria dos etnicamente árabes de Darfur permanece longe do conflito. Os habitantes de Darfur - tanto árabes quanto não árabes - rejeitam profundamente o governo de Cartum, que não lhes forneceu nada a não ser problemas.
A Corte Criminal Internacional - CCI - indiciou o Ministro de Estado para Assuntos Humanitários, Ahmed Haroun, e o suposto líder da milícia islâmica Janjawid, Ali Mohammed Ali, também conhecido como Ali Kosheib, pelas atrocidades na região. Ahmed Haroum pertence à tribo Bargou, uma das tribos não-árabes da região, e é acusado de incitar ataques contra grupos não-árabes específicos. Ali Kosheib é um ex-soldado e líder das forças populares de defesa, e é acusado de ser um dos líderes dos ataques a vilarejos no oeste de Darfur. A 14 de julho de 2008 o promotor da Corte Criminal Internacional, Luis Moreno-Ocampo, lançou 10 acusações criminais contra o presidente al-Bashir, como as de patrocinar crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Al-Bashir foi acusado pelos promotores de ter "planejado e implementado o extermínio" de três grupos tribais em Darfur por motivos étnicos. Espera-se que em breve Luis Moreno-Ocampo peça aos juízes da CCI que expeçam um mandado de prisão contra al-Bashir.
A Liga Árabe, a União Africana e até a França apoiaram os esforços do Sudão para suspender as investigações da CCI. Eles esperam que seja considerado o Artigo 16 da Convenção de Roma, que estabelece que as investigações da CCI podem ser suspensas se ameaçarem um processo de paz.
Geografia
O Sudão está situado no norte do continente africano, tendo o mar Vermelho como costa a nordeste (853 km). Tem uma área total de 2.505.815 km², sendo desta forma o maior país africano e o décimo do mundo. Faz fronteira com a República Centro-Africana, o Chade, a República Democrática do Congo, o Egito, a Eritreia, a Etiópia, o Quênia, a Líbia e Uganda.
Os desertos da Núbia e da Líbia tem o clima árido e predominam no norte, enquanto que no sul são as savanas e florestas tropicais que tomam conta da paisagem. O rio Nilo é o principal rio do país, e é fonte de energia elétrica e de irrigação para as plantações de algodão, principal produto de exportação, ao lado da goma-arábica. A maioria da população vive da agricultura de subsistência e da pecuária.
Demografia
O censo de 1993 no Sudão, informava que a população na altura era de 25 milhões de habitantes. Desde então não foi feito um censo fiável devido à guerra civil. A ONU estimava em 2006 que a população já atingia os 41.236.378 habitantes, que corresponde a uma densidade populacional de 16,04 hab./km². As taxas de natalidade e de mortalidade são, respectivamente, de 34,53%o e 8,97%o. A esperança média de vida é de 58,92 anos. O valor do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,503 e o valor do Índice de Desenvolvimento ajustado ao Género (IDG) é de 0,483 (2001). Estima-se que, em 2025, a população seja de 61.339.000 habitantes. A população metropolitana de Cartum (incluindo os distritos de Cartum, Cartum Bahri e Omdurman) está a crescer rapidamente, 5 a 7 milhões, incluindo os 2 milhões de desalojados oriundos do sul devido à guerra e do oeste e este devido à seca. O Sudão ocupa grande parte da bacia do alto Nilo, desde os contrafortes das Terras Altas da África Oriental até ao Sara. É um imenso país que manifesta influências étnicas e culturais dos países vizinhos. No Norte, as populações são árabes e muçulmanas. No Sul, predominam africanos negros, alguns cristãos mas, na sua maioria, pagãos que conservam os seus dialetos tribais. Entre as tribos do Sul incluem-se os Dinkas, os Nuers (um dos povos de estatura mais elevada do mundo, medindo muitos homens mais de 2 m de altura), os Shilluks, os Baris e os Azandes. No conjunto da população, os principais grupos étnicos são os árabes sudaneses (49%), os Dinkas (12%), os Núbios (8%), os Bejas (6%), os Nuers (5%) e os Azandes (3%). A religião predominante é o islamismo sunita (72%), seguido das crenças tradicionais (17%) e do cristianismo (11%). De acordo com a constituição de 2005 as línguas oficiais do país são o árabe e o inglês.
Política
O Sudão é uma república autoritária onde todo o poder está nas mãos do presidente Omar Hassan Ahmad Al-Bashir; ele e o seu partido estão no poder desde o golpe militar de 30 de Junho de 1989.
Desde 2003 que a região de Darfur assiste ao extermínio da população negra, por parte da árabe; este é conhecido como o Conflito de Darfur.
Economia
As recentes políticas financeiras e investimento em novas infraestruturas não evitam que o Sudão continue a ter graves problemas econômicos. Desde 1997 que o Sudão tem vindo a implementar medidas macroeconômicas aconselhadas pelo FMI. Começaram a exportar petróleo em 1999; a produção crescente desde produto (atualmente 520.000 barris por dia) deu uma nova vida à indústria Sudanesa, e fez com que o PIB subisse 6.1% em 2003.
Como os Estados Unidos iniciaram sanções com o Sudão desde 1997, suas petrolíferas se retiraram do país neste ano, sendo substituídas por empresas de outros países como a Total (França), KFPC (Kuwait), ONGC (Índia), Petronas (Malásia) e CNPC (China). A CNPC é controladora do consórcio Greater Nile Petroleum Operating Company (GNPOC), que inclui a Total, a ONG e a Sudapet (estatal Sudanesa). A GNPOC é responsável pela maior parte da produção sudanesa, controlando os blocos 1, 2 e 4.
O Sudão tem um solo muito rico: petróleo, gás natural, ouro, prata, crômio, asbesto, manganês, gipsita, mica, zinco, ferro, chumbo, urânio, cobre, cobalto, granito, níquel e alumínio.
Apesar de todos os desenvolvimentos econômicos mais recentes derivados da produção petrolífera, a agricultura continua a ser o sector econômico mais importante do Sudão. Emprega 80% da força de trabalho e contribui com 39% para o PIB. Este aparente bem estar económico é quase irrelevante; a população vive abaixo da linha de pobreza muito por causa da guerra civil e do clima muito seco.
Fonte: wikipedia
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